sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Morar sozinha não é (só) morar sem supervisão adulta

Eu fui uma menina sozinha até meus 27 anos.
Morava com meus pais até os 22 - quando então meu pai veio a falecer.
Ficamos eu e minha mãe. E minha cachorrinha.

Aos 27, pintou uma oportunidade de mudar de cidade.
São Paulo, o sonho dourado de quem mora no interior de querer crescer profissionalmente.
Claro que se o meu salário na terra natal era sofrido, o de São Paulo era sofridinho.
Daí eu me mudei para uma república, a casa das quatro mulheres, ou 93.

Dividi quarto com a pessoa que é o mais próximo de irmã que eu já tive.
Um ano quase dois que me ensinaram muito.
A dividir, a ter responsabilidades, a entender o próximo, a aceitar que meu jeito poderia até ser o melhor mas não necessariamente o método a ser aplicado.
Muitas lições.

Depois desse período, uma das meninas decidiu "debastar" a casa e cortou a população pela metade: decidiu dividir apenas com uma.
Fato é que ela acabou indo sozinha por um lado, nós três, para outros.

Daí fui morar com uma única pessoa.
Cada uma com seu quarto, seu banheiro, seus horários.
Não sei se foi essa pessoa, se foi a minha percepção, minha cabeça ou a vida no geral.
Fato é que eu me dividi tão bem por quatro, mas sofri para me dividir por duas.
De abrir a porta de casa com o coração abrasado de esperança e fazer a dancinha da vitória ao constatar que a casa estava vazia.
Ainda durou bastante: dois anos.
Até que novas circunstâncias novamente me colocaram em um novo caminho.
Eu não queria mais dividir, optei por morar sozinha.
Estamos agora no "ai-ai-ai-ai-está chegando a hora".
Amanhã pego o contrato e as chaves.
Vazio, aqui vou eu.